terça-feira, dezembro 05, 2006

Uma breve História do Caos: Prólogo

Um leitor atento poderia observar que um bom caos não tem história, isto é, não tem começo, fim ou desenvolvimento que possa ser traduzido em palavras. Nosso objetivo, portanto, nesse prólogo a esta Estética do Caos, não é contar de fato a história do próprio caos, mas apenas uma breve história de um longo percurso dos discursos filosóficos sobre o caos. Se nele incluímos também alguns poetas (e com isso não nos referimos apenas a Hesíodo, mas também a Aristófanes e a Joyce), foi por total incapacidade de pensar o caos sem um mínimo de poesia. Foi inspirado por essa poesia que pensamos uma fusão entre Cisão e União, ou seja, entre os deuses Caos e Eros da mitologia grega. Mas também sua posterior separação, que os isolou ao longo dos séculos. Do mesmo modo, para reuni-los novamente seria necessária a força da poesia, ou dito de maneira mais precisa, seria necessário que a filosofia refletisse sobre a natureza da arte, tal como fizeram Schelling, Schopenhauer e Nietzsche. Assim, Cisão e União, transmutados em desordem e ordenação, reataram seu diálogo, não mais como conceitos distintos, mas como uma unidade tensa e conflituosa, tal como o caosmos da escrita de James Joyce. Essa não é, portanto, uma história de historiadores, mas em vez disso uma história que precisou se adaptar à “história” dos poetas, a começar pela de Hesíodo.

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